Minha Bárbara

Esse é Bernardo. Bernardo da Mata. Apresento.

(Bar dos Amigos - Alto Paraíso -Goiás )

Esse é Bernardo. Bernardo da Mata. Apresento.
Ele faz encurtamento de águas.
Apanha um pouco de rio com as mãos e espreme nos vidros
Até que as águas se ajoelhem
Do tamanho de uma lagarta nos vidros.
No falar com as águas rás o exercitam.
Tentou encolher o horizonte
No olho de um inseto - e obteve!
Prende o silêncio com fivela.
Até os caranguejos querem ele para chão.
Viu as formigas carreando na estrada 2 pernas de ocaso
para dentro de um oco... E deixou.
Essas formigas pensavam em seu olho.
É homem percorrido de existências.
Estão favoráveis a ele os camaleões.
Espraiado na tarde -
Como a foz de um rio - Bernardo se inventa...
Lugarejos cobertos de limo o imitam.
Passarinhos aveludam seus cantos quando o vêem.

Manoel de Barros

Entrevista

- Velha do Cerrado, o que vc faz aí na água?
- To dizendo a ela que tenha coragem, fiá. To dizendo a ela que tenha coragem de vir.

Índice: onde há fumaça, há movimento

Chovia.
Fiquei te olhando e pensando que a chuva era som,
eu água e você velocidade.

o tempo de uma dança

acariciar a desordem das coisas

Se maquiar de luz

e fumar a avenida.

Ter ciúmes do rio e ficar brabo com o por-do-sol.

Inspirar o rio e deixar nadar os peixes.

Acordar

Beber o pão

e comer o café

(colaborou: manoel de barros, marcio volk, cristina ávila, anas mendess)